21 de dezembro de 2010

Perto da distância

Perto do ser, longe da alma.
É uma tormenta viver em tanta calma.
Enquanto o mundo se destrói e se consome,
Fico atrás de mim, como mero espectador.

Perto da alma, distante da emoção.
É estranha a vontade deste meu viver.
Inevitável será esta necrose existencial,
Pois nada está perto de se tornar impessoal.

Perto da emoção, distante da mente.
O egoísmo inocente de quem nunca sente.
Pensamento triste que se faz do pensar,
A sorte só é visível para os ignorantes.

Perto da mente, distante do ser.
O protótipo de nunca ser e existir.
Sou tão alheio à alegria e à desgraça,
Nem ao menos ser mais uma livre carcaça.

Perto da distância, distante de mim.
Revogo dessa justiça que se esqueceu do meu fim.
Serei uma história inacabada pelo completo,
No mundo superficial ficarei morto mas concreto.

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