Ando, caminho interminavelmente,
Percorro as ruas estreitas do existir,
Vezes e vezes sem conta.
Paro, interrompo repentinamente.
Percorro as ruas sem saída do fugir.
Vezes e vezes sem conta.
Sorrio, rio desenfreadamente,
Percorro as ruas loucas do sentir.
Vezes e vezes sem conta.
Sofro, choro descontroladamente.
Percorro as ruas fatais do desistir.
Vezes e vezes sem conta,
Somos apenas um reflexo insuficiente,
Um emaranhado fixo do fingir.
Vezes e vezes sem conta.
Quando é que nos tornaremos o espelho?
[ Existem caminhos e estados de ser tão fixos, tão mecânicos, tão previsíveis. Vezes e vezes sem conta nos deixamos tomar por eles, somos engolidos pelas emoções fracas que achamos fortes. Vivemos uma vida mostrando um e outro reflexo, uma e outra vez. Não sabemos o que existirá, e isso é inegável. Mas não temos de ser sempre iguais. Tal como no início de um caminho ou no final de um poema aparentemente igual, podemos marcar a diferença. Podemos ser, finalmente, o espelho que comanda todos aqueles reflexos. Aí saberemos ser donos do nosso mundo. ]
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