Sentado no pensamento, de coração em riste,
Pondera-se o porquê do súbito semblante triste.
Demasiada sombra rodeia o sol abrasador,
Muita pedra afiada para o pé descalço dum sonhador.
Sentado no coração, de olhos no pensamento,
Ninguém imagina o quão pequeno se torna um tormento.
Tanto e tão pouco se deixa o mundo afectar
Deste sentir vazio, deste fogo a crepitar.
Há fome evitando comer,
Há luz crescente a desaparecer,
Existe sentido sem o perceber.
Quanto chove sem nuvens haver,
Quão solúvel é sentir e ser,
O que é forte num dia, noutro pode perecer.
[ Tão imprevisível que é sentir, tão difícil que é descortinar o porquê dessa euforia discordante. Isto leva muitas vezes a racionalizar o que existe, o que não existe e o que pode existir. Uma dúvida que só existe quando algo está errado. Quando o que se sente não se explica, não se consegue extinguir. ]
Antes de mais deixe-me felicitá-lo pelo regresso após uma longa ausência.
ResponderEliminarUm poema é como uma pintura: cada pessoa que o lê faz uma interpretação de acordo com a sua sensibilidade. Porém, quando o autor explica, expondo claramente a ideia, não no sentido de a impor, mas sim, no sentido de indicar um caminho a seguir é sempre uma boa ajuda.
Um abraço.