A espuma do rio traz o que foi esquecido.
Arrastou os restos de vida que mais ninguém quis.
Tantas histórias e esperanças atiradas à água
Repleta de antigas boas vontades, tornadas agora vis.
Cai mais um ramo de velhos espinhos do canteiro,
Feridas cristalizadas ao longo dos ramos da mente.
No final está a rosa que quer colher o guerreiro
E também o verdadeiro teste à sua força de sentir.
Voa timidamente o pássaro pelas brisas da calma.
A tempestade não demora, ela vem para o devorar
Com a sua chuva de transtornos que consome a alma.
Quem receia libertar-se nunca vai saborear nada.
Desfazem-se os escombros do ser na escuridão
Enquanto ele se entrega à sua última balada.
A canção da vida irá agora desvanecer-se
No horizonte da fala tremida e inacabada.
Tanto que se iludem os ilustres e decadentes
Pensando que o problema da vida é viver.
Na verdade são eles os únicos toxicodependentes
Desse veneno que os destrói, o seu ego e cegueira.
E enquanto o desconhecido assusta como agulhas
Os becos mentais insustentáveis dos demais,
Eu vejo a doença da racionalidade propagar-se
Por entre actos e falas destas mãos mortais.
A racionalidade, uma doença? :)) Não podias ser mais artista, caro João. :)
ResponderEliminarÉ verdade...a racionalidade é a nossa maior arma, mas também é a mais auto-destrutiva. Quem não souber lidar com a sua forma de pensar, irá inevitavelmente ser engolido por ela...e aí deixa de ser racional, será apenas mais um frustrado.
ResponderEliminar