22 de março de 2014

Dispersão

Quanta força encontro na imensidão.
Este sou eu, vasto e contido numa esfera
Que gira em torno do nada, no meio de tudo.
Este, é o mundo que me rodeia, infinito;
Finito na percepção decadente do olhar.
Vêem tanto, vendo tão pouco, sendo ainda menos.
Deveria preocupar-me? Preocupar-me no que ser?
Quanta fraqueza encontro na imensidão.
Esses são os demais, de altivez notória
E pequenez "escondida" no seu porte.
Este, é o mundo que os rodeia, finito;
Infinito na sua capacidade de os diminuir.
Sofrem tanto, com tão pouca razão, sentindo ainda menos.
Deveria queixar-me? Implorar perdão ao sentimento vazio?
Quanto de mim encontro na imensidão.
Sim, sou eu, passando pelos demais
Como se apenas eu lá estivesse, bem, só.
Só existe uma rima nesta escrita, solitária;
A essência que existe e é alheia a tudo o resto.
Uma mente na sua infinita dispersão.

[ É um facto que nem todos se sentem da mesma forma, agem da mesma forma, procuram a mesma coisa da mesma forma. Existe um mundo infinito de opções, e vemos tudo como se o problema ou a intempérie fosse o maior obstáculo; muitas vezes, o problema é a nossa própria mente. Estagna tão rapidamente pensando no problema, quando a forma mais rentável é procurar a solução. Talvez pareça estranho que eu me sinto sozinho no meio da multidão, ou mais estranho ainda que o facto de me sentir sozinho nessa situação me faça sentir bem, mas é apenas a minha perspectiva - a minha forma de existir - e se sei que funciono melhor assim, porquê ser como a multidão, não é? Eu tenho-me a mim. Mais do que ninguém, conheço as minhas estranhas engrenagens. Só falta o restante mundo aprender a olear as suas. ]