5 de outubro de 2015

Inteligência emocional

A chuva chegou.
Pela sombra do olhar vejo-me a sorrir
Sem que o corpo se manifeste, distante.
Tão distante quanto a memória sólida
Do que é...não, do que foi sentir amor.
Existem simplicidades que a alma adia,
Esquecendo-as, tão delicadas e sós;
Como eu sozinho me deixo esquecer,
Taciturno e perigosamente estóico.
Uma sensação fria me abraça,
Enviando sinais dúbios à minha mente
De que me estou a perder na indiferença,
De que a racionalidade irá apagar tudo.
Nada sinto de racional em mim,
Se isso significa nada sentir doravante.
Há quem acredite em tempos e destino,
Em parcas esperanças de que procurar
Irá trazer o que se espera;
Mas e se nada se esperar ?
Não é isso também uma esperança ?
Uma forma arrogante de deixar o mundo
Girar à volta do nosso eixo sentimental ?
Se existe cansaço do não sentir,
Existe também cansaço dessa fome de amor
Que nunca chega nem vai embora.
Ah, conhecesse eu amor doutras formas,
Noutras pessoas sentido e vivido !
Fosse eu...mais que eu.
Não sabendo o que esperar,
Deixarei o meu "destino" nas mãos
Da inteligência emocional de outrem.
Por entre a incerteza e sem nada exigir,
Iremos sorrir debaixo da chuva...juntos.