14 de junho de 2011

Tinta vermelha

Peguei na minha imaginação como uma caneta
E quis gritar a alma dentro da minha vida.
Temia que a minha tinta fosse sempre preta,
Como o orgulho que sangra e não deixa ferida.

Usei o fundo do horizonte como meu papel
E esperei pelas palavras na inquietude do ser.
Tremia enquanto o tom carmesim forte e fiel
Invadiu a mente, deixando o corpo a ferver.

Arde aquilo que acreditei estar adormecido.
Nem o mundo, nem eu, aparentam conhecer-me afinal.
Ninguém, excepto esse carmesim destemido.

Não precisam de saber quem és ou quem fomos.
Mas o papel saberá, as palavras não mentem.
Apenas agradecem aquilo que agora somos.

7 de junho de 2011

São coisas

Poderei ter o mundo aos meus pés
E os meus pés tropeçarem no mundo.
Poderei saber ler os escondidos rodapés
E não ver o seu significado profundo.
Serei grande sabendo que sou pequeno
Ou serei apenas tudo aquilo que condeno?

Poderei ter todas as forças dentro de mim
E de mim irradiarem somente destroços.
Poderei ver em outrem uma paisagem linda
E em mim ver apenas meros esboços.
Serei correcto sabendo que estou errado
Ou serei mais um rosto fragmentado?

Poderei sentir o maior amor por alguém
E esse alguém estar longe da minha alma.
Poderei não magoar a alma de ninguém
E ninguém valorizar o estender da minha palma.

Serei sofredor por gostar de sofrer
Ou serei alguém que não desiste de viver?
Sim, sou sofredor. Não, não gosto de sofrer.
Mas são essas coisas da vida que nos fazem crescer.

[ Poderemos ter amizades distantes que não se rompem. Poderemos ter alguém especial que não vemos tanto quanto desejaríamos. Poderemos enfrentar realidades demasiado duras para connosco. Poderemos ter o mundo contra nós ou a nosso favor...mas existe uma coisa muito importante. Em nenhuma altura, boa ou má, se deve desistir de continuar, de sentir, de preservar. Eu sou humano como todos os outros...sei que existem dois lados da moeda. Sei que não podem existir apenas dias bons, e também sei que nunca irão existir apenas dias maus. Tenho orgulho daquilo que sou, daquilo que posso aprender, daquilo que posso lutar para poder voltar a ver. Nem que seja por breves minutos. Quando desejamos mesmo algo, o tempo é efémero. Todos os segundos valem a pena. Obrigado, a todos aqueles que, mesmo sendo muito poucos, me fazem sorrir. Isto é para vocês. São coisas da vida...quem sabe o que o nos espera a seguir? ]