29 de dezembro de 2010

Fields of innocence

Innocence is numb.
I want nature to be able to hold my hand.
But I can't even feel its green thumb.
My innocence had better days.
Apparently there's something called brain.
As ignorant happiness goes, conscience stays.
I miss those fields of innocence.
The times of a child, memories of old.
A heart of joy where you couldn't feel absence.
Innocence kept racing like a heartbeat.
We were too young to know or care.
There was nothing that could make us retreat.
And now innocence is gone.
I no longer remember the path to those fields.
In my imagination, they were undone.
There's no innocence left in this world of ours.
Time will corrupt us all and make us weak.
We shall fade in these dark and innocent hours.

21 de dezembro de 2010

Perto da distância

Perto do ser, longe da alma.
É uma tormenta viver em tanta calma.
Enquanto o mundo se destrói e se consome,
Fico atrás de mim, como mero espectador.

Perto da alma, distante da emoção.
É estranha a vontade deste meu viver.
Inevitável será esta necrose existencial,
Pois nada está perto de se tornar impessoal.

Perto da emoção, distante da mente.
O egoísmo inocente de quem nunca sente.
Pensamento triste que se faz do pensar,
A sorte só é visível para os ignorantes.

Perto da mente, distante do ser.
O protótipo de nunca ser e existir.
Sou tão alheio à alegria e à desgraça,
Nem ao menos ser mais uma livre carcaça.

Perto da distância, distante de mim.
Revogo dessa justiça que se esqueceu do meu fim.
Serei uma história inacabada pelo completo,
No mundo superficial ficarei morto mas concreto.

9 de dezembro de 2010

Melancolia

Melancolia.
Paira pelo rio calmo de água fria.
Paisagem onde o tempo simplesmente se adia.
Beleza que este observador transfigura em poesia.

Melancolia.
Saber substituir-te eu bem queria.
Preencher a alma com a liberdade vadia,
Poder ser sem pensar pelo menos por um dia.

Mas arrasta-te, melancolia.
Quanto mais te sentir, mais inspiração se cria.
Já não se sofre daquilo que nunca se distancia.

Força, melancolia.
Impregna-te em mim com esse toque negro de magia.
Fazes parte do meu ser, sem ti eu morreria.

30 de novembro de 2010

Ser e sentir

Verdades quebradas percorrem o meu ser.
Sou uma combinação de genes degenerados.
Pensar que também erro corrói o meu viver.
Os que me rodeiam são fantasmas apenas.
Assombram os meus esconderijos mais iluminados.
Todos estes pensamentos negros voam sem penas.

Aquilo que eu sou odeia aquilo que fui outrora.
Sentia que o meu interior há muito que fugira do que está por fora.
Ainda tenho o desejo aceso e imortal de ser humano.
Livrar-me deste rótulo de pessoa que me serve como um "fato" profano.
Tudo é meio preenchido ou meio vazio.
O acto de pensar é deixar uma mente infinita presa por um fio.

Sinto saudades constantes de tudo aquilo que tenho.
Tento esquecer tudo aquilo que me falta.
É um paradoxo racional de extremo engenho.
Porque o que me falta é cada vez mais cobiçado.
Remove-me a liberdade de subir para a ribalta.
Faz de mim um ser cada vez mais limitado.

E assim no fundo, não sabemos mesmo nada.
O ser vai além do além, do metal que se faz uma espada.
O sentir é sonhar além do sonho e da imaginação.
É saber pegar nas cinzas e fazer a nossa reconstrução.
Nada tem que ser simplesmente branco ou preto.
Eu sou tudo o que odeio para assim não me tornar obsoleto.

23 de novembro de 2010

Amor entre os versos perdidos

Percorri meio mundo,
Caminhei meia estrada,
Tentei encontrar um sentido profundo,
Tentei procurar-te por entre a calçada.
Vivo nesses caminhos de escrita,
Vagueio pelo olhar da timidez,
Acredito no que ninguém acredita,
Faço ouvir-me perante esta surdez.
Nunca me senti tão vazio,
Nunca confessei a minha vontade,
Temo ser apoderado por tanto calafrio,
Quero perder esta minha ociosidade.
Escondi-me entre os versos perdidos,
Refugiei-me nas águas da poesia,
Recitei-te sonetos tão queridos,
Desejei o teu espírito livre de maresia.
Não sei se alguma vez saberás,
Não creio que nos voltemos a cruzar,
Cada um tem o seu espírito forte e voraz,
Mas saberei que já estive preparado para dar.
O que não te disser irá fazer eco,
O silêncio carrega agora o meu legado,
Vou deixar de ser apenas um boneco,
Vou fazer do teu caminho o destino sagrado.
Num mundo dos “e se…” e da agonia induzida,
Onde tanta verdade fica sempre por dizer,
Não quero ser mais uma pessoa corrompida,
Quero contar aquilo que me fez rejuvenescer.
Posso ser morto no meu interior,
Posso não saber o que vem a seguir,
Mas se me ensinaste o que é o amor,
Farás este coração frágil voltar a sentir.
No berço da minha perturbada calma,
No calor dos teus abraços dispersos,
Deixo-te aqui a minha alma,
Deixo-te agora os meus perdidos versos.

20 de novembro de 2010

Ficar

O mundo adormeceu.
Praticou um suicídio que na verdade nunca se sucedeu.
Criou um ser indiviso na realidade fragmentado.
Não mediu a lágrima que no peito do Homem correu.
A verdade fez as malas.
Perdeu toda a fé depositada nessas mundanas falas.
Criou-se um ser que vive no eterno passado.
Apenas consegue ver o final e nunca as anteriores salas.
A realidade regozija.
Não altera a brutalidade mais cruel e rija.
O desprazer da incerteza é instalado.
Não se sabe o que fazer com tanto oxigénio fora da botija.
O pensamento agonia.
Matou o pouco sentimento tremulo que existia.
Criou o medo de temer a falta do preenchido.
Fez nascer um caos com organização tal e fria.
O tempo dissipou.
Contentou-se com uma felicidade que nunca chegou.
Chega o egoísmo do fugir deste sítio mal amado.
Deu expectativas a um ser que de si próprio se desviou.
A mente vacila.
Prendeu-se ao nada e com o tudo se mete na fila.
Criou-se o conformismo do inanimado.
Subsistir tornou-se ser montanha de apenas argila.
O inconstante é certo.
Sente-se tudo longe mesmo quando tudo está perto.
A dor da alma é o cancro que não pode ser curado.
Luta indefinidamente para encontrar respostas no incerto.
Mas a consciência quer ficar.
Apesar de tudo sabe que existe sempre qualquer coisa para amar.
A esperança será o último fragmento a ser enterrado.
Este ser imperfeito terá sempre tudo de si para poder dar...

A questão é: será que mais alguém com consciência e alma consegue com ele ficar?

27 de outubro de 2010

O que não se vê

Um amanhecer que escurece o olhar.
A vontade de querer e nunca tal vontade chegar.
A força de tanto amor que sem força se torna odiar.
Um sentimento que turva o pensamento.
O sarcasmo silencioso do dizer sem tento.
O sofrer conformista da hipocrisia com alento.
Um certo que anoitece a percepção.
A visão transfigurada em perfeita confusão.
O fingimento do mundo no seu estado mais pagão.

Não existem morais a serem ensinadas.
Não existem verdades a serem enviadas.
Não existem esperanças a serem lançadas.
A fantasia é uma realidade com morfina.
A mentira é uma janela falsa com cortina.
A vida é uma corda resistente demasiado fina.
Existem dores que trespassam o próprio doer.
Existem palavras mais poderosas que o escrever.
Existem visões mais sentidas que o verdadeiro ver.

A melancolia desta alma é incurável.
A cegueira desta gente é intragável.
A conveniência dos seus actos é detestável.
Só sabem pensar nelas próprias e no seu ego.
Só conseguem ver um buraco na parede sem o prego.
Só conhecem a visão de quem é triste, pobre e cego.
Eu vivo na esperança que a minha luta valha a pena.
Eu quero que a justiça resista a esta tempestade serena.
Eu comprometo-me perante este fardo e vida pseudo-terrena.

Talvez haja muito mais que o que simplesmente se deseja.
Talvez querer ou desistir é apenas o duro caroço da cereja.
Talvez tenhamos de pensar que o que não se vê...tem muito que se veja.

11 de outubro de 2010

Fugitivo

Nunca sei fugir.
Constrangimentos, pensamentos, grades pessoais.
Todos esses atentados à força da escrita.
Tamanha desconcentração que me causam e me deixam em dúvida.
Nunca soube fugir.
Expectativas, vontades, muralhas pessoais.
Tantas criações mentais forçadas a existir.
Grande a queda associada à crueldade do destino.
Nunca sabia fugir.
Um eu, um tu, amores pessoais.
Vidas entregues à mercê dos ventos.
Vassouras que varrem os cacos daquilo que vai restando.
Nunca saberei fugir.
Fugas, evasões, impossibilidades pessoais.
Verdades imutáveis que doem sem doer.
Como uma única pessoa pode ser tão livre e tão massacrada.

Nunca fujo.
Mas não me dou por vencido.
Nunca fugi.
Mas entreguei a alma ao incerto.
Nunca fugiria.
Mas não vou ser prisioneiro.
Nunca fugirei.
Mas sou um fugitivo.

Sou um fugitivo em papel,
Profiro letras em direcção ao infinito.
Sou um fugitivo do mundo cruel,
Caminho nas linhas da página do próximo texto escrito.

E pergunto-me eu, afinal, de que fujo,
Se do mundo, se do meu próprio dito cujo...

30 de setembro de 2010

Ter tempo

Tem tempos em que me questiono realmente o que será ter tempo.
Tempos em que o tempo me deixa confuso e sem tempo para pensar noutras questões.
Há muito que tempo perdeu o seu verdadeiro valor e sentido.
Já lá vai o tempo em que o mundo não tentava lutar constantemente contra o tempo.

Mas os tempos mudam...

As pessoas vivem constantemente na tentativa de manipular o tempo.
Mantém uma infinita obsessão de querer manipular tudo sem aparentes razões.
Sempre a tentar controlar aquilo que não pode realmente ser obtido.
Tanto esforço quando na verdade são elas manipuladas pelo desejo de ter tempo.

E os tempos circundam...

Talvez seja tempo de tentar perceber o porquê de se perder tanto tempo.
Como se consegue viver em liberdade e contudo nos sentirmos em tamanhas prisões.
Porque se vive num limbo onde já não há coração completo ou partido.
Somos engolidos pelo mundano e perdemos a oportunidade de saborear o tempo.

Com os tempos aprendam...

É finalmente tempo de parar de tentar depender exclusivamente do tempo.
Tanta necessidade irracional de ter tempo para arranjar justificações.
Se o tempo sempre lá esteve, vocês perdem a vossa vida com fundamento perdido.
A vossa mentalidade ensinou-se uma coisa valiosa sobre como ver o tempo.

Afinal os tempos também findam...

Destroem-se os tempos por questões mesquinhas como não saber usar o tempo.
Tempo perdido por não viverem as coisas simples sem atritos ou escoriações.
Tempo sem ser tempo, tempo com falta de tempo, tempo que é perdido.
Se ao menos perdêssemos algum tempo para dar espaço ao tempo...

Hoje em dia temos tempo para tudo; tudo excepto termos tempo para ter tempo.

28 de setembro de 2010

Capítulo em branco

Como começar tudo.
Nesta biblioteca de almas, nestas estantes fixas e insólitas,
As palavras têm o poder, o mundo está em movimento.
Nesta biblioteca de vida, nestes alicerces que comportam cada ser,
Os capítulos são inúmeros, cada um expressa cada acto e sentimento.

Como continuar tudo.
Na imensidão dos pensamentos alheios, nas entrelinhas do certo e do errado,
O medo controla tudo, é senhorio da ignorância e dono dos fracos.
Na imensidão dos sentimentos, na dimensão oculta desse nosso cavaleiro alado,
O coração evidencia-se, o fraco é forte, a escravidão mental é um mito.

Como terminar tudo.
Cada capítulo é uma história de amor, um trabalho de sucesso, uma desilusão pessoal,
Uma etapa ultrapassada para se poder ter uma nova aventura escrita.
Cada capítulo é um mistério trapaceiro, uma palavra que se perdeu e não foi dita,
Um conjunto de jogos frontais e subtis que se enfrenta para chegar ao final.

Este capítulo não estava escrito.
Alguém se esqueceu dele, entre outras tantas fantasias ainda por viver,
Entre outros contos dramáticos e sentimentais que nos estilhaçam o coração.
Alguém se lembrou dele, por ser tão vazio, cheio de potencial e sem dono,
Por poder dar o privilégio a esta alma de ter pelo menos um capítulo em branco onde escrever.

18 de setembro de 2010

Confissões de um poeta (ir)racional

Tenho várias confissões a fazer. O meu confessionário é tão simples quanto um pedaço de papel com linhas. A vítima é a escrita...ela também sofre tanto quanto eu, entende-me, transfere toda a angústia, todo o descontentamento, sem alguma vez pedir algo em troca, sem nunca hesitar em mostrar a verdade pura e dura.
O pesar destas letras é profundo e intransigente. Estes assuntos ultrapassam a minha capacidade mental e da alma. Tudo o que acontece ganha forma e contexto específicos, nada aparenta ser ao acaso. É perturbador. O entrelace de tudo o que é bom e mau pode ser difícil de interpretar, mas tudo possui uma razão para acontecer. Acreditar nisso é como que uma chave de ouro.
Confesso que não tenho medo de cometer loucuras. Confesso que esse facto contrai medo em mim. Medo de que a desconfiança, a insegurança ou até a paixão me façam perder a visão das coisas com clarividência e preponderância. Confesso que não tenho medo de lutar até ao fim por um sentimento em que acredite inequivocamente. Confesso que tenho medo de descobrir que posso estar, no entanto, a lutar em vão. A traição incumbida pelo destino é bem mais dolorosa e muito menos fácil de contrariar.
Este conceito justiça tem interesses ambíguos. Por vezes o coração não tem culpa de ser contra o destino e querer que o impossível aconteça um dia, tem apenas uma vontade inocente de se sentir completo e verdadeiramente funcional. Como podemos nós contrariar tanto impasse se tentamos sempre chegar mais longe? O que nos falta para conseguir atingir o próximo passo?
Confesso que por vezes nem sei como não paro de escrever, como consigo confessar-me, assim, desta forma, sem fraquejar, sem pensar duas vezes no que poderá sair, sem medos. Mas com tantos medos dentro de mim. Confesso que não consigo entender o conceito tão relativo de "sociedade". Parece que vivemos num mundo em que, sendo todos iguais, nos tratamos como se de espécies diferentes fossemos oriundos. Não se compreende.
Confesso que penso demasiado no futuro e no passado. Penso sem pensar e penso como respirar. Penso a sonhar e pensamentos estou sempre a suar. Confesso que tenho aversão a todos os que não pensam nem ponderam, não querem saber, vivem por viver, alheios aos problemas tão óbvios que os rodeiam. Se pensar em excesso é um problema, creio que a falta de pensar é igualmente grave.
Vive-se uma vida que deixou de o ser há bastante tempo. Tantos que de forma imatura assumem que não precisam de amar ou sentir para viver, que os sentimentos são o que nos tornam fracos e susceptíveis à dor e à desilusão. Ninguém precisa de amar para conseguir sobreviver. Mas todos nascemos com a capacidade para amar e querer alguém, e isso não pode ser negado, nunca.
São todos loucos irracionais por pensarem que se conseguem ver livres das emoções assim...esquecem-se que sem mente e sem sensibilidade, não existe evolução! Posso ser um louco como eles; mas se me pedirem para escolher entre ter uma vida sem coração, ou um coração sem vida, eu escolho um coração sem vida...prefiro saber sentir, pois sem o meu coração, confesso que eu já estaria morto faz muito tempo...!

8 de setembro de 2010

Memorial do sentimento

Convidei o amor a entrar.
Várias vezes me fez esperar.
Contrariei a vontade de não ficar.
Apenas para não ver a pedra e tropeçar.

Presenciei a falta de presença.
Desse sentimento de que tinha tanta crença.
Dessa vontade de gostar tão propensa.
De quem está sozinho no meio da desavença.

Tenho medo da possibilidade de ter medo e tornar-me insensível.
Não sei se me conseguirei levantar em cada queda imprevisível.
Como vou entregar-me à sorte se sou apenas mais um pedaço de carne comestível?

Só sei que preciso de tentar sempre esquecer.
Só sei que tenho de continuar a tentar viver.
Só sei que para este mundo vou continuar a escrever...

2 de setembro de 2010

Chuva de verão

Dizem o dizer.
Nunca dizem o fazer.
Tanto cuidado para não ceder,
Se no final lutar é perder.

A chuva não cai por cair.
Ela não tem por onde fugir.
A vontade de chorar e partir,
O sacrifício de ter que existir.

Ter que caminhar por esses caminhos raiados,
Descobrir que se caímos logo somos sugados.
Sorte a de quem vive com os sentimentos trancados,
Fortuna desses que ainda são mais amaldiçoados,
Que nada foram e contudo de nada são privados.

Coitado do destino por ter que ser tão cruel.
Deixar o mundo viver e esta chuva atada ao cordel.
A justiça provou que tem que haver abelha e o seu mel.
Ambos estarão eternamente ligados de forma infiel.
Cada um é como que um guerreiro sem o seu corcel.

Tanto por dizer e há tanto que falar perdeu a vida.
Poderia haver uma tempestade mas seria logo sacudida.
Esses raios de sol privaram a nossa já tardia partida.
Somos consumidos pela indiferença da calçada aquecida.
Percebemos que a nossa presença não é clara e assumida,
Passámos a meros vestígios apagados no meio da corrida.

O sentimento faz pesar essa vossa leve consciência.
Não percebem que a chuva sempre teve consistência.
Que nunca fomos menos importantes na nossa ausência.
O vosso problema é não compreenderem a nossa vivência.
Podemos parecer pontos minúsculos sem qualquer congruência.
Mas somos diferentes por possuir algo que luta contra a vossa demência:

Um coração !

25 de agosto de 2010

Castelos de areia

Na praia da vida entrei, na areia lentamente me forcei.
Grão a grão fui colhendo, vitórias e derrotas fui obtendo.
Sempre em frente avancei, em nenhuma das adversidades recuei.
Mesmo sem poder ia podendo, mesmo com rumo me ia perdendo.
Observava o mar perplexo, mostrando sem pudores o meu reflexo.
A força dessas ondas cativou, a força do vento para longe me levou.
Fazia sentido sem ter nexo, havia amor sem vestígios de raça ou sexo.
A paisagem do infinito sonhos cultivou, o limite do finito apenas me motivou.
Mas as nuvens negras chegaram, o chão de cores cinzentas pintaram.
A tempestade do ódio vem e dilacera, o trovão de raiva cai como uma fera.
Lágrimas logo se derramaram, remorsos rapidamente se divulgaram.
A alma ferida já não coopera, o orgulho há muito que se perdera.
A imagem mais bela tem um senão, luta-se tanto aparentemente em vão.
O sonho parecia ter tudo de real, sofreu-se tanto a combater tanto mal.
O espírito humano foi tratado como cão, levou com um "jornal" como forma de sermão.
Este sentimento doentio não é leal, funciona como uma parede coberta com mais cal.
Mas não se pode pensar que o mundo termina, que a cassete do tempo nunca rebobina.
Tem de haver sempre um objectivo, tem de haver sementes para se dar o cultivo.
Existe o mal e com o bem se combina, é só saber espreitar por cima da neblina.
Castelos de areia construí, neles me refugiei e vivi.
Muralhas se ergueram adiante, protegendo este coração hesitante.
Não percebi porquê mas não sorri, vendo o isolamento que criei depois do que sofri.
A força das águas então veio e em tudo caiu, do que estava outrora firme nada subsistiu.
Percebi que um sentimento é tão poderoso, destruiu tantas muralhas por ser tão teimoso.
Seja amor o que o coração sentiu, seja rancor o que noutra hora possuiu.
O poder da emoção é misericordioso, deu tamanha oportunidade a alguém tão defeituoso.
Porque todos merecemos viver com felicidade, nem que para isso se lute sempre contra a adversidade!

1 de agosto de 2010

Hurtful soul [ remake ]

This is where I stand.
Stranded.
Lost.
Thinking over and over again about things I can’t understand.
And feelings I can’t control.
About how people can underrate each other’s hearts and ignore them…
About the selfish acts they commit just to make themselves feel better…
About how easily discarded feelings are for all of them…
It hurts my soul to witness all this and so much more…
It hurts my lost, stranded soul to witness…the endlessly moving world.

This is where I stood.
Stranded.
Lost.
Over thinking about how the world is unfair.
And how nobody cares about it.
About how I let myself get caught in so many devastating claws…
About the fate that keeps throwing rocks at me to trip over…
About how hard it is to fit in when I feel so different…
It hurts my heart to see how things always turn out…
It hurts my lost, abandoned heart to lose…the ability to love again.

This is where I will stand.
Stranded.
But not lost.
Not thinking how things should go differently.
And how bad they make me feel.
About how I desperately wish to finally feel like life’s worth living…
About the numerous heartaches and desperate ways I once fell into…
About how fragile I once thought I was…
It doesn’t hurt my being, not now, not anymore…
It doesn’t hurt me because I know how to fight and it won’t be all in vain!

This is where the story unfolds.
Feelings.
Thoughts.
You are what you are, don’t ever doubt of yourself.
And the perilous path will finally guide you to safety!

23 de julho de 2010

Eyes of eternity

I’ve been wondering through this sleepless slumber.
I’ve been searching for something long lost.
I can’t fix what’s been split asunder.
I can’t heal my soul on my own without a single cost.

They say I’m experiencing a dreamless dream.
They say I’m nothing but a shadow of my former self.
They never tried to swim against the deadly stream.
They never understood I’m not just another book on the top shelf.

You told me you were leaving this desolate place.
You told me you would try to fight for something new.
You left me behind and led me to such disgrace.
You left me behind like a leaf without morning dew.

You’ve always been a magical inspiration
You’ve always been the word I needed to hear.
You never misunderstood my invitation.
You never said no when I wanted you near.

They chase after me with their words of despair.
They chase after me with their cleaving arrogance.
They cannot lecture me on what they find fair.
They cannot fight my foolhardy resilience.

I can now see what all others cannot.
I can now see how their eyes are really blind.
I will watch their selfish hearts shrink and rot.
I will keep my eyes of eternity open for you to find.


“Sometimes, it’s not about one arriving or leaving…for their hearts will be together at all times, no matter what. That’s what eyes of eternity stand for: as long as you keep the deepest friendships and love inside your heart, they will always watch over you, and you will always watch over them…”

[ Dedicado a Stefanie Ann Caria, que foi para os Estados Unidos e será sempre lembrada :D ]

13 de julho de 2010

Eu

Sou o que sou.
Nem mais, nem menos.
Sou tímido, sou extrovertido.
Sou preguiçoso, de determinação embutido.
Sou a essência de generosidade para os especiais.
Sou o vento frio que amarga os superficiais.
Sou simpático, de cautela vestido.
Sou arrogante e também descabido.
Sou inflexível e perigoso.
Sou racional mas teimoso.
Odeio atitudes egoístas e pessoas que prejudicam por prazer de forma fria!
São apenas idiotas que não sabem pensar e vivem na sua ignorância doentia!
Desprezo discursos genéricos e opiniões estereotipadas.
São apenas formas de persuasão gastas de ideias roubadas.
Abomino quem me tenta impingir de morais e ideais porque pensam ter experiência.
São apenas tentativas falhadas de acreditarem que ainda possuem alguma decência.
Desgosto que critiquem as minhas opiniões fixas e quase sempre diferentes.
São apenas criaturas frustradas que não aguentam verem contrariadas as suas mentes.
Detesto que tentem brincar constantemente com as minhas emoções!
São apenas prova que nunca souberam usar os seus corações!
Sou tolerante e compreensivo.
Sou pouco exigente mas de submissão eu não vivo.
Sou objectivo e sem rodeios.
Sou indiferente a dramas alheios.
Sou o que cada um essencialmente merece.
Sou a brincadeira que de seriedade não padece.
Sou eu próprio em qualquer altura.
Sou verdadeiro na frieza e na fervura.
Nem menos, nem mais.
Serei o que sou.

8 de julho de 2010

A dream of a real bond

I had a dream.
I had this weird dream nobody could possibly visualize the way I did...
I was there, I believe I was.
Could have been someone else I was representing.
I opened my eyes and I was standing at a limbo.
I saw several different faces, some distant, some nearby.
Yours was the first one I was shocked to see.
People felt so empty...so not like themselves.
Someone reached for my arm.
He seemed different, though he was unfamiliar to me...
He said that all those people I knew were gone.
Sooner or later you would be moving on to the light.
I couldn't...I refused to believe it.
For some reason unbeknownst to myself, you were too important to throw away.
You were there unfairly.
I felt it deep inside my being.
Not even I could explain what I was doing there, but I had to save you, somehow...
I woke up from that dream, startled, anxious, shaking.
I didn't know when or why you were gone, but I had to have you back.
I would do anything to receive that special cuddle once again.
I would say anything to keep you from crying that last tear.
I couldn't take the pain away, but I could ease it...
I couldn't be your love, but I could be your shoulder...
You're just too important to leave behind!
I do not know how I will save you, but I'm corageous.
I'm determined, I'm warm hearted.
I will go far and beyond this world to reach you, just like in my dream.
There's a reason why you were there amongst the crowd, standing out...
There's a reason why I found the strength to save you.
True feelings don't grow in just one day, they're there.
Waiting to bloom, waiting for their true empowered heart container.
There's nothing in the world that replaces that connection.
There's nothing, not ever, that could fill in the emptiness inside me.
You're mine, I'm yours.
And our friendship will prevail through time, through walls, through dirt.
Our bond shall never faulter!

[ Inspirado num sonho que realmente sucedeu e deixou-me sem palavras. A forma como tudo se conjugou conseguiu derrubar a minha capacidade de imaginação. Creio que tal assunto será novamente abordado, mas desta vez num possível livro a desenvolver. Concordam? Espero que gostem :) ]

3 de julho de 2010

Pseudo-vida

Opiniões. Julgamentos e conclusões que tanto têm de comum como têm de contraditório. Uma cumplicidade de foro antitético. Um divórcio entre conversações. Não é fácil aceitar uma opinião diferente da nossa. Não é fácil compreender o que não aparenta fazer mais sentido desde o início. Início...até isso, o começo de tudo, é questionado, esmiuçado, desfeito, refeito, especulado, abandonado, recomeçado e nunca descodificado.
Imagina-se demasiado o não atingível. Sonha-se sempre com o que não se explica. Este vício por conhecimento torna-se o maior cancro da vida. Irónico que a própria origem da vida seja questionada para responder a uma questão ainda maior. Irónico que a origem da vida traga tanta "morte cerebral" para tentar compreender algo de pouca verdade e muito juízo de valor: o sentido da vida. Esse Adamastor mental que assombra o Homem até às profundezas escuras do conhecimento.
"Razões" opinadas a rastejar como cobras cobrem o pavimento da incerteza. Afirmações influenciadas e corroídas sem destino ou rumo garantido. Muitas pessoas debatem-se para tentar dar sentido à vida baseando-se naquilo que crêem. Muitas pessoas não dão valor a outras hipóteses e teorias porque não são aquilo com que se identificam. Como pode alguém tentar assumir uma verdade universal que não é aceite por ninguém que não si próprio? Como pode uma questão ser respondida se ninguém partilha um consenso?
O choque das pessoas ao quererem saber a minha resposta é-me intrigante. Eu não tenho opinião sobre esta questão, eu não procuro dar sentido à vida. Já me acusaram de ser imprudente e superficial por não conseguir encontrar um sentido na vida, tudo porque eles tinham opiniões próprias. Opiniões que não são mais que isso mesmo. Eu só acredito em verdades universais ou especulações minimamente aceitáveis. Não defendo nenhuma religião, não existe divindade alguma que me consiga explicar o sentido da vida. Não faço juízos de valor só porque tal vai um dia ajudar-me a pensar que continuar a viver vale a pena. Eu nunca quis terminar a minha vida. Eu também nunca pensei se deveria fazer sentido ou não vivê-la. Vou simplesmente vivendo, dia após dia, combatendo os desafios que me são propostos, aceitando o que a minha mente aberta, mas céptica, absorve.
Muitas pessoas vivem presas a crenças e influências apenas para tentar arranjar um motivo para seguir em frente. Muitas pessoas vivem sem viver, simplesmente deixando-se levar pelos juízos de valor influenciados. Procuram um sentido na vida que nem sequer é algo conjecturado, pensado, especulado. É um sentido que outros já tentaram dar à vida, e no entanto, defendem tais ideias como seus, criticando aqueles que não possuem opinião definida. Vivem uma vida que não é deles, uma razão exterior à sua mente.
Eu não preciso de arranjar inspirações ou verdades que não me pertencem. Não preciso agarrar-me a um conceito de vida que não faz sentido. Não preciso de estar preso numa pseudo-vida só porque me faz sentir mais seguro ou confiante. Eu sou eu, crio as minhas linhas de pensamento, defendo os meus ideais, e sigo em frente de cabeça erguida. A vida pode não ter sentido por vezes, mas isso não termina com uma simples aceitação metafísica de ideias, termina sim com fazermos algo para sentirmos que estamos realmente a viver e continuar a caminhar essa estrada com vontade própria. Nada pode fazer sentido se a única coisa que aceitamos não está em nós!

29 de junho de 2010

Pedaços de tempo

São pedaços.
São grãos de areia timidamente agrupados numa praia.
São lenha ardida na floresta à espera que caia.
Tão pequenos e tão grandes espaços.
Foram pedaços.
Foram juras de amor atiradas à mercê dos ventos.
Foram feitiços mil para causar alheios tormentos.
Coram as faces inocentes com sentidos abraços.
Serão pedaços.
Serão verdades nuas por fim descobertas.
Serão ruas escuras extraviadas e incertas.
Farão sentido os momentos ou de sentido se tornam escassos.

Pedaços de tempo aqui coloco.
Pedaços de vida e de imagens sem foco.
Forças que vêm do Além.
Forças que fazem de mim alguém.
Pedaços de tempo aqui coloquei.
Pedaços de tudo o que já amei.
Corações outrora ressentidos.
Corações que foram fortalecidos.
Pedaços de tempo aqui colocarei.
Pedaços de experiências que ainda viverei.
Vocações dentro de mim renascerão.
Vocações e sentimentos em perfeita união.

21 de junho de 2010

Para ti

Tu.
Sim, és tu.
Sempre foste tu.
O que os olhos cegos não vêem, o coração observa.
O que os ouvidos surdos não ouvem, o coração escuta.
O que as mãos não conseguem tocar, o coração sente.

Tu.
Sim, não existe mais ninguém.
Sempre foste aquele místico alguém.
Consegues emanar a tua chama mesmo quando todas as outras já se apagaram.
Consegues ser a água que mata a sede mesmo quando todos os rios já secaram.
Consegues demonstrar que há sempre uma luz ao fundo do labirinto, uma luz que nunca apaga.

Tu.
Nem sei como tudo aconteceu assim.
Foste o princípio, foste o meio, foste o fim.
Numa vida sem sentido, num mundo ainda confuso, foste o caminho certo para andar.
Numa época escura, num estado de espírito destroçado, foste a força que me fez lutar.
Numa história fragmentada, nos confins do pensamento, foste a inspiração mais pura.

Tu.
Tu és a cura para o meu cancro sentimental.
Tu és a resposta para todo o problema existencial.
Não tem de haver amizade, não tem de haver amor, não tem de haver atracção mútua e incessante.
Não tem de haver conversa, não tem de haver romantismo, não tem de haver uma vontade dominante.
Não tem de haver tudo isso, basta a presença, basta a troca de olhares e silêncios comovidos.

És tu, porque no meio de tudo o resto, não há mais nada.


[dedicado à Amoura, que me faz bem, todos os dias. <3]

16 de junho de 2010

O ódio pelo ódio

Estou mais distante...
Cada vez mais o sinto...
Sentir-me bem é um sacrifício, um luxo...
As grades estão a crescer....
Como pudeste trair-me tão cruelmente?
Deixa-me...
Deixa-me sair daqui...
Não quero mais...não...
O sono é uma criança cuja ingenuidade implica matança!
O acordar é um amor e oculto mistério que traz dúvidas e horror!
Agh, que dor...
Não consigo, não entendo...
Estarei eu a perder o controlo?
Às vezes nem quero entender...
Como foi que me consegui perder...
Divago num oceano de veneno...
Inocentes e culpados são estes pensamentos desconcertados!
Culpados e inocentes são estes seres humanos inconscientes!
Não sabem ver estas correntes?
Eles despertaram o meu maior assassino...
A raiva que se acumulou, o ódio que há cá dentro...
A minha mente virou-se contra mim...
Raiva e ódio são os grandes vencedores que partilham o pódio!
A minha essência morreu e estou a lutar contra algo que é meu!
O meu ser não soube lutar e perdeu...
Odeio ter que ser assim!
Odeio estar assim!
Odeio esta prisão forjada!
Odeio ser contra a minha mente fragmentada!
Odeio o ódio!!!

4 de junho de 2010

Sentir ou não sentir, eis o sufoco

Se pudesse, deixava de poder.
Se sentisse, deixava de sentir.
Se existisse, deixava de existir.
Se tentasse, deixava de tentar.
O estrangulamento pelo meio termo, o não cambalear nem para um lado nem para o outro.
O forçar quebra a força, o equilíbrio é um limbo repleto de prurido.
Que sofrimento sôfrego!
Que dor não sentida e sempre presente!
Porque tem que existir algo que atormenta e não existe?
Porque tem que haver sempre formas de desfigurar o que outrora também eram formas?
Oximoros existenciais!
Oximoros que não existem!
Manifesta-se a cólera, a raiva, o frenético desejo de destruição.
Manifesta-se a falta de tudo isto por não terem qualquer razão para existirem.
Falta algo que não falta.
Falta algo que se repete.
Incompleto é o coração sem sentimento.
Incompleto é o poema com excesso dele!
Já nada parece fazer sentido.
Já nada é verdadeiro neste mundo de plástico moldado à vontade do desejo mais mesquinho.
Já nem quero tentar sentir algo bom...
Já nem preciso da chuva para me encharcar de desespero...
Só quero saber se há forma de sentir seja o que quer que for, bom ou mau!

27 de maio de 2010

Stain of fate

Today, I noticed the sky wasn't blue.
I noticed the sea wasn't blue either.
Clouds made the sky dark.
Clouds made the sea dark.
Such a metaphor in my mind.
"Those are stains in the wilds, opposing the natural beauty of things."
Stains? Why would such a concept come around like that, loud and clear...?
Then I realized it.
It all came immediately to my head, with no blurs, no hidden meanings.
Life is filled with stains.
Selfish acts, selfish causes, secondary intentions, lack of true feelings, false states of being.
In other words, human nature.
That is as much of a blessing as it is a curse.
Self-awareness turned the cunning into murderers of morals.
Intelligence destroyed any sort of self-righteousness, due to the comfort that "today" provides.
If only the origins of life knew of such a future.
They would think the same thing.
"We let a stain grow such in size, that nothing but disaster can actually destroy it."
We're so keen to defend our own noses, we forget...we forget the real meaning as to why we're here.
Please sneeze and stop this stupid tease!
When does madness end and brilliancy begin?
If need be, I will be considered a stain myself...I derive from all these genetic mistakes.
I am nothing but just that, a stain in this pile of trash that's Mankind.
Then I look at the sea again...
Oh, so beautiful...the stains have faded.
I presume nature would fix the stains of this world.
Maybe it could fix the stains of sin...?
Maybe.
All I know for certain, is that this metaphor of life and waste will remain in my head.
For as long as there're people who just don't realize, while they live their ignorant and bliss lives, the meaning.
The reason of it all.
The stain of reasoning.
Themselves.

20 de maio de 2010

Dark forest of life

There is a place.
A place frightening to many.
A place mysteriously appealing to few.
Beneath the trees and dirt, the souls gather.
They cry for a new dawn, a dawn that never comes...
The roots, they make drawings on the ground.
The leaves, they dance with the silence around them.
Rumor goes that there's a lonely spirit wondering amongst the shadows.
Some claim that it's an enraged ghost.
Others avidly believe it's the embodiment of love, waiting for another lost soul.
You can sometimes find it, near the crystal clear fountains and chanting streams of water.
You can hear its whispers in the darkest corners and hidden chasms.
Mists run across this forest of lust and fear.
Rain falls down, shy winds blow.
There it is, that presence.
It's looking away.
Why?
...The wind stops blowing.
The air becomes thick and heavy.
Our eyes meet, as the leaves start falling like the rain.
Sweatdrops keep the rain company.
My muscles are tense, my pulse is racing.
Nothing happens afterwards.
You, me, that scenario of light and darkness...
It was all in my head.
That dark forest held more than just myths and legends.
All around us wasn't placed randomly.
That dark forest...was my heart.
And you...you're that serene spirit, the source of happiness in me.
You're my protector, you're the essence of life in my dark forest.

18 de maio de 2010

Fragilidades do ser

Seres humanos, como vos gabo a frieza.
Outrora como vocês, agora sinto-me diferente.
Sou um mutante neste corpo sensível e frágil,
Sou uma vítima daquilo que vocês tão habilmente aprenderam a desprezar.
Hoje estou enjaulado na cela da depressão e do desgosto,
Injectado com uma overdose de emoções que me comem a alma e a mente.
Nunca se sentiram a mais no mundo?
Nunca pensaram que este não é o vosso lugar?
A vossa maneira de encarar o mundo entristece-me tanto quanto me mói de inveja por dentro.
...Os pensamentos atravessam a mente já perturbada, fazem ricochete, andam às voltas, alojam-se e aniquilam-me.
Muito poucos entendem o sofrimento do pensar, ainda menos sobrevivem à sua força destrutiva.
Ninguém me pode ajudar a ultrapassar este ciclo vicioso e demolidor da alma.
Olhem para mim, parece que perdi a vontade de viver...
BLASFÉMIA! ULTRAJE! DESCARAMENTO! INSULTO!
Que pensamentos vazios são os vossos!
Posso estar a perder lentamente a esperança...
...Mas ainda não morri!
O suicídio não soluciona nada. O desprezo pelas emoções também não.
Se posso ser condenado pelo pessimismo, vocês podem ser condenados pela ignorância.
Nunca irão compreender o que me fere o coração.
Nunca irão entender o meu orgulho interior.
Sou lutador, sou forte, as cicatrizes da alma são prova do sofrimento que ainda não me consumiu.
...Mas corrói.
Amanhã levanto-me de mais uma queda e enfrento a vida.
Hoje...estou de luto pelas fragilidades do meu ser.

17 de maio de 2010

Ausência

Caminhos perdidos são estes.
Dividi-me, perdi-me, fiz parte do maior crime.
Ninguém me entende.
Caminhos vastos têm sido estes.
Mas quem és tu? Que fazes aqui alojado no meu cérebro?
Eu não entendo.

Sempre fizeste parte de mim, é algo inexplicável.
Mistérios ocultos pairam sobre ti, expiras enigmas, respiras as minhas dúvidas.
Fazes-me pensar que és essencial, insubstituível.
Consegues por este frágil coração a bater mais forte, os músculos a tremer, sentir forças desconhecidas.
Mas...
Eu nem sequer te conheço.

Que tipo de pessoa se apaixona pelo que ainda não existe?
Que acto de desespero a leva a aninhar-se num abraço que não existe?
Isto é tão infantil...tão contra o que sou. Mas faz-me sentir bem...
Como é possível?
A tua ausência mata-me por dentro.
A tua ausência enche-me de esperança e alegria.

Eu sei que não existes ainda.
Não sei quando poderás aparecer na minha vida.
Mas já cá estás.
Sempre estiveste.
Só falta agora saíres dessa cortina de nevoeiro.
Para que a ausência de algo passe a ser a presença de tudo.

4 de maio de 2010

Silêncio calado

Um suspiro.
Uma voz hesitante.
Um vento que passa.
Um silêncio inconstante.

Um gesto.
Uma voz tremida.
Um sonho que desvanece.
Um silêncio que intimida.

Um choro.
Uma voz triste.
Um abraço que demora.
Um silêncio persiste.

Um sorriso.
Uma voz ternurenta.
Um espaço partilhado.
Um silêncio que fomenta.

Um amor.
Uma voz desprotegida.
Um silêncio quebrado.
Um silêncio...dá vida.

30 de abril de 2010

Nas entrelinhas da simplicidade

Para onde foram, pergunto-me. Que importância têm essas coisas, perguntam-me. São tão tristes estas questões...nem deveriam existir! Pergunto-me, infinitas vezes, para onde foi a simplicidade, o que lhe fizeram...e aposto que agora estão a pensar, "Pensar tanto na simplicidade torna-a complicada!".
Gente, quase indigna de ser considerada gente: a simplicidade não existe porque não lhe dão importância! Aprenderam a dar prioridade a coisas objectivas, sem conteúdo, tudo para atingir prazeres e felicidades pouco profundas, pouco sentidas! O materialismo subiu-vos à cabeça e encontra-se num patamar há muito impossível de alterar pela simplicidade alheia...perderam a capacidade de interpretar sinais, corresponder a actos que, pela sua falta de complexidade, valem mais que tudo o resto.
Quantos não serão os sorrisos que desejamos ver na face de alguém que gostamos, na face de alguém que merece sorrir! Não existem palavras, nem actos, que consigam substituir a alegria das pessoas especiais que nos rodeiam, das crianças que passam dificuldades nos países pobres, os animais, selvagens ou domésticos, tratados com a devida dignidade...ainda não entendem?
O que vale para vocês um abraço de um estranho? Nada? E de um amigo? Alguma coisa? E da pessoa que amam? Muito? Hierarquizaram uma coisa tão simples de se fazer e ainda assim não entendem o seu tipo de importância? O que eu não dava para ter o privilégio de sentir todas essas coisas simples mais vezes...poder sentir a respiração daquela pessoa, tocar levemente no seu rosto, perder-me nos labirintos de doce e amargo, quente e frio de um beijo...aninhar-me no seu abraço, sentir-me completo na sua companhia, sentir apenas...sem qualquer dependência de prazeres físicos!
Oh, o que é rir na companhia daquelas pessoas amigas, cometer loucuras, arriscar tudo, confessar os mais profundos segredos com aquela confiança que apenas aquele amigo nos transmite...ninguém valoriza isto?!
Apreciar uma paisagem, escutar as danças do vento, embalarmo-nos ao som de uma música, perdermo-nos na beleza de uma flor, sentir a chuva a cair-nos no corpo despido de medos...talvez agora, agora vocês, gente com um pseudo-coração, consigam entender.
Não tem a ver com o tipo de acto, não tem a ver com o tipo de recompensa, não tem a ver com o seu nível de complexidade...tem a ver com a forma como nos toca nesta nossa caixinha de emoções.
Não desprezem o que o coração sente, não lhes dêm menos ou mais importância...apenas aproveitem o momento! Pode ser, assim, que consigam ler as entrelinhas e ver o verdadeiro significado do termo simplicidade.

26 de abril de 2010

O cansaço do cansaço

Cansei.
Cansei, cansei mesmo!
Cansei de ver tanta ignorância, tanta vontade de continuar preso ao passado!
Cansei de ver, ver mesmo. Os meus olhos estão doridos de tanta coisa errada que observam...
Cansei de ouvir discursos estereotípicos, vazios, ou até genéricos e incorrectos.
Cansei de ouvir mesmo, de tanta barbaridade que entra pelos meus ouvidos, de tanta palavra atirada sem ser realmente proferida com intenção!
Cansei de sentir, de tanta desilusão que as pessoas me incumbem de guardar dentro desta minha "caixa-forte" vermelha.
Cansei de sentir mesmo, preferia ser frio, arrogante, desonesto, sei cá. Sofreria bem menos!
Cansei...ora, é cansativo!

Todo este cansaço se acumula, o meu corpo perde forças...a minha alma pede reforço!
Ajuda! Ahhhhhh!

Cansei deste cansaço.
Cansei de me sentir afectado por todas estas coisas.
Cansei sinceramente. Ninguém se importa, ninguém quer saber. Para quê, não é?
Cansei de tamanha despreocupação, cansei do exagero dos problemas.
Cansei de tanto e tão pouco.
Cansei, bolas!
Cansei da desigualdade e da falta dela.
Cansei da ofensa e do perdão.
Cansei, cansei, cansei...! Que desperdício, tudo é feito e dito de forma tão leviana e superficial!

Cansei de estar cansado deste mundo.

19 de abril de 2010

Sombra sombria e assombrada

Hoje a minha sombra não me acompanha.
Hoje o meu mundo está ao contrário.
Sinto o meu corpo envolto numa névoa sombria de constrangimentos pesados e gélidos.
Sinto o meu ser a ser engolido pelas instabilidades circundantes.
A minha alma está a ser assombrada pelo negativismo.
A minha alma sente-se perdida e desancorada.
Vejo apenas destruição a sair de cada poro do meu corpo.
Vejo apenas tristeza num reflexo que outrora diria ser o meu.

É assustador.
É vago e consome.
Distancio-me cada vez mais.
Distancio-me daquela segurança.
Não vale a pena lutar quando o corpo não obedece.
Não vale a pena tentar quando tudo o que nos rodeia é uma sombra.

Como posso eu libertar-me destes pesadelos?
Como posso eu resolver algo que não é concreto?
Vivo na esperança de tudo voltar a ser como dantes.
Vivo na esperança de poder atirar-me aos braços de um raio de luz reconfortante.

Hoje a minha sombra não me acompanha.
Hoje não, mas quem sabe um dia.

Quem sabe se um dia eu paro de perseguir uma sombra e consiga finalmente lutar por algo verdadeiramente genuíno.

18 de abril de 2010

Desafio shuffle

Foi-me proposto fazer este desafio pelo blog http://justlikeapuzzle.blogspot.com :
Responder às questões usando a função shuffle de um reprodutor de música, por muito absurdas que forem as respostas. Let's see the outcome?

És rapaz ou rapariga?
R: I'll Be.

Descreve-te!
R: Hallelujah!

O que sentem as pessoas quando estão próximas a ti?
R: Bleed.

Descreve a tua relação:
R: Hello Tomorrow.

Onde gostarias de estar agora?
R: Missing.

How do you feel about love?
R: Meant To Live.

Como é a tua vida?
R: Rock Kids.

Se pedisses um só desejo, qual seria?
R: Damn, I Wish I Was Your Lover.

Diz algo inteligente.
R: A Decade Under The Influence

Se alguém diz "ok" tu dizes...
R: Take Me As I Am.

Como te descreves? [again?]
R: Come To Life.

O que procuras num rapaz/rapariga?
R: Take My Hand

Como te sentes hoje?
R: Faint Resemblance.

Qual é o propósito da tua vida?
R: Imperfection.

E a motivação?
R: Right Here.

O que pensam os teus amigos de ti?
R: Tired 'N Lonely.

O que pensas dos teus pais?
R: Phenomenon.

Em que pensas com muita frequência?
R: Through The Rain.

Quanto é 2 + 2?
You Found Me.

O que pensas do teu melhor amigo?
R: Angels Fall First.

O que pensas da pessoa que gostas?
R: Coming Undone.

Qual é a história da tua vida?
R: Fly Away.

O que queres ser quando fores grande?
R: Better Than Me.

O que pensas quando vês a pessoa que gostas?
R: Night Drive.

O que vais dançar no teu casamento?
R: I Want To Save You - Something Corporate.

O que vais tocar no teu funeral?
R: On Fire - Switchfoot.

Qual o teu hobbie?
R: Till We Ain't Strangers Anymore.

Qual o teu maior medo?
R: Hang On.

Maior Segredo?
R: Hating Hollywood.

O que pensas dos teus amigos?
R: So Close, So Far.

Comentários: pareço um emo coitado nas primeiras 10 respostas xD isto é assaz interessante :3

15 de abril de 2010

Insanity of the heart

Dark thoughts...it feels like they're everywhere, everyday.
Crawling and reaching out my troubled mind, waiting, searching for reasons to attack...
"The world's a mess."
"It feels as though I fight so hard, life still seems so unfair."
"It's so hard to not feel lonely at the worst of times..."
Dark moments...shattering my once strong heart with all the morbid acts they're connected to.
I've seen and felt too much...I've witnessed and tumbled one too many times...
Every time I try to stand up, the winds of fate blow once again and make it unable to move.
Trapped inside this shell of bad luck and manipulative reasoning, I stare at the void outside.
I no longer know how I feel, what I feel, if I even feel it...
It's been so many hard hits that my inner self no longer exists, it's a confusing mass of blood and emotions.
I struggle to find a bright side, I hope to always have something to believe in, something that can force me up when most needed...
I can't.
I'm not invincible like many would probably assume.
All these frustrations and endless conflicts have made me hollow...I feel pain but I can no longer show it.
I feel sad but I can no longer cry, I feel desperate but I can no longer scream...
I feel empty just thinking about the possibility of being empty.
All this darkness digs deeper into my heart, this corrupted mind has poisoned what I once knew as my genuine soul.
Countless were the times I wondered:
"Is there a cure for a broken heart?"
"Is there a cure for an empty heart?"
"Is there a cure for a heart that lost a significant, irreplaceable piece of itself?"
...There is no cure. There is nothing that can soften the marks of all the permanent scars.
Nothing will ever heal the insanity of the heart.
Nothing but...the heart itself.

12 de abril de 2010

Diálogos de dialectos

"Eu não te procurei e vieste ter comigo, e fazes-me muito mais falta que outra coisa qualquer que procurei até hoje! A eternidade só começou a fazer sentido quando te conheci. Vem ser o meu mar, para nos teus braços me afogar e na tua boca ventos frios e quentes soprar. Vamos ser um em um e dois num, vamos fundir veias e artérias, e deixar o sangue correr infinitamente nesse caminho só nosso..Vamos acordar o mundo com os nossos actos, chocá-los com as nossas palavras, enchê-lo de inveja com sentimentos puro e destruí-lo por sermos nós próprios...!"

"Vem, vem elevar-me de tal modo, que consiga chegar ao paraíso da felicidade eterna! Deixa-me ser o teu anjo... deixa-me fazer-te feliz... deixa-me colar o meu corpo no teu... o meu objectivo é tornar todos os momentos únicos num só! Vamos percorrer caminhos nunca antes percorridos, vamos fazer as pedras chorar de inveja das nossas passadas, vamos correr o mundo como se não houvesse amanhã, vamos ser tudo aquilo que todos desejam, mas que não conseguem alcançar! Simplesmente vamos ser nós próprios, pois isso é o que nos torna únicos!"

Haverá dialecto mais forte que o das emoções expressadas sem pudores, sem medos e sem problemas?
Haverá diálogo mais marcante e produtivo que aquele que envolve as pessoas num rio com duas correntes paralelas nunca extinguidas?
Haverá maior prova de sentimento que ter o coração aberto, assim...fervorosamente?
Obrigado a ambas as personagens que ajudaram o seu mundo a acordar o mundo real...

First text by: Jonaz
Second text by: Amoura

6 de abril de 2010

SOS: Sou Obscuridade e Solidão

Enfrentar tudo novamente, pensamento mais que apodrecido e deixado ficar por entre estas ruas tão iguais.
Nada parece quebrar este tom monótono e monocórdico que é uma rotina cheia de desinteresse e desprazer. As emoções dissiparam-se, as mentes esvaziaram-se, os corpos "desmembraram-se"...e as pessoas conformam-se com o facto de se tornarem ocas, com o facto que tudo o que entra na sua alma vazia faz ricochete e desvanece...
Que foi feito das surpresas, dos momentos inesperados supostamente feitos para nos deslocar da realidade e fazer-nos sentir mais que apenas criaturas insignificantes e fúteis? Que foi feito daquela vontade de sermos completos de novo? Que foi feito do desejo comum por algo melhor, diferente, único...? Onde estão as questões, as curiosidades, as afirmações descabidas e verdadeiras para forçar alguém a mudar o que está errado?
Vivemos como bonecos, bonecos que não vivem...são manipulados. O vazio é tão profundo que se torna deprimente. Caí num abismo de tal nível de obscuridade que agora sinto-me sozinho e entregue ao destino sem desenlace, destino pendente, destino que está destinado a deixar de ser destino!
Oh, como é tão fácil para os outros e tão difícil para mim, aceitar esta filtração injusta do ser...dói-me exteriorizar tanto pensamento e não receber nada em troca do que me rodeia, dói-me estar a perder o meu "conteúdo" em vão...
É como ser atacado em cada célula, é como ser substituído por matéria que não é matéria. É cancerígeno...estar envolvido em tamanha rede de indiferentismo e velhos costumes que não mudam.

29 de março de 2010

A retórica do amor

Posso apaixonar-me por ti?
Sentir emoções que transcendem o meu ser e o meu corpo,
Colocar-me entre o Céu e o Inferno, o limbo e o vazio,
Proferir poemas de gestos e canções de ternura.
Posso?
Tocar-te e deixar-me levar pelo tacto,
Elevar-me tão alto com a tua chama graciosa e cativante,
Percorrer caminhos perdidos e envoltos de felicidades ocultas.
Posso apaixonar-me por ti?
Descobrir um mundo mais vasto que o meu,
Fugir da insegurança, da solidão, estar com o teu ser que me ilumina
Trocar cumplicidades entre a tua pele e os meus lábios,
Morder o desejo, aproveitar-me desta enorme atracção.
Será que posso?
Fazer-te sorrir, ser o teu encosto, aconchegar-te nas noites frias,
Ver o teu rosto inocente, sereno e adormecido.
Lutar contra o mundo negro, afastar o que é mau,
Merecer esta alegria e conforto que é o amor.
Mas posso mesmo?
Suar com o teu calor, tremer com os momentos amargos,
Perdoar e ser perdoado, usar e ser usado,
Viver num estado de verdadeira mutualidade,
Desejar-te assim, intensamente e sem pudores.
...Posso apaixonar-me por ti?!

27 de março de 2010

Encontros e desencontros

Um desejo. Uma vontade. Uma procura. Termos facilmente associáveis e aplicáveis em muitas situações...mas nem sempre é assim.
A mente humana é curiosa, intuitiva, com sede de conhecimento e desejos constantes. Por vezes, esses desejos levam-nos a limites muito frágeis...por vezes, esses desejos "obrigam-nos" a cometer loucuras. E para quê?
Perdemos tanto tempo à procura do que não temos, do que não conseguimos atingir, de tudo o que pensamos ser o "ideal" para nós. Deixamos nos levar por estes reflexos interiores, estas manifestações de racionalismo como se disso dependêssemos.
Somos empurrados por rodas intelectuais a um ritmo acelerado, sentimos uma pressão psicológica avassaladora, quase ao ponto de todos esses desejos se tornarem físicos e a sua falta causando-nos doenças. A nossa preocupação é tal que nos esquecemos o que somos, quem nos rodeia, a vida que levamos...somos tão cegados pela necessidade e pela cobiça que nos tornamos vítimas do esquecimento, e apagamos tudo o que outrora existia. Ficamos, realmente, "doentes" por dentro, atacados pelo "vírus" do desejo, corroídos, transformados. Somos uma sombra daquilo que tanto prezávamos, somos um "desencontro" de nós próprios.
Quando soubermos valorizar o que somos e acreditarmos em tudo o que fazemos, o vazio vai dissipar-se; não seremos ocos, não seremos apenas marionetas manipuladas por tudo aquilo que necessitamos. Bastará desistir de procurar, bastará saber viver sem que nos deixemos controlar pelos desejos. E dessa forma, tudo aquilo que julgámos fazer-nos falta irá surgir, sem esforço, sem consequências, sem "senãos". Irá surgir quando menos esperarmos, pois é assim que deve ser. Sempre foi. E irá sê-lo, sempre.

18 de março de 2010

Silêncios desconcertantes

Alguma vez tiveram aquela sensação de que falta algo? De que não conseguem exprimir o que sentem, pois é tudo um imenso nevoeiro, demasiado denso para poder entender? Aquelas alturas em que nos sentimos deslocados de nós próprios, em que o limite entre emoções é demasiado ténue. Parece que o mundo existe e nós estamos lá, mas ao mesmo tempo, não estamos. É complexo e difícil de entender o porquê destes mistérios, o porquê de tanta obscuridade emocional e racional. É, de facto, uma verdadeira "dor de pensar", algo que nos atormenta muitas vezes sem darmos conta, outras vezes desejávamos, do fundo da alma, que não existissem.
A ignorância é uma dádiva e uma maldição..."invejo" quem consegue viver sem pensar, quem vive sem conhecimento e consegue, ainda que temporariamente ou até ao fim do tempo, ser feliz. Ao mesmo tempo isto para mim é revoltante: as pessoas não conhecem, não sabem, não sentem. De que vale uma felicidade que não é eterna se a verdade dói e quando se aperceberem disso, viverão para sempre desiludidos?
Prefiro ter dor de pensar a ser um ignorante. Prefiro saber que o mundo existe, prefiro tentar entendê-lo. Não espero que me compreendam, nem que me defendam...muito pelo contrário.
Todas estas angústias sem nexo e sem nome...vão e vêm. Todas as fragilidades internas ficam, não têm cura. Cabe apenas a cada um lidar com as suas revoltas e os seus momentos de confusão. Cabe a cada um saber o que fazer a seguir.
Eu...eu sei que hoje estou assim, e amanhã será um novo dia. Até lá...que venha o mistério e o profundo. Cá estarei para aceitar o desafio e seguir em frente de cabeça erguida.

16 de março de 2010

Labirinto de nadas

Entro no caminho aparentemente sem fim.
Vagueio por entre ramos de dúvidas e raízes de desilusões.
Procuro aquilo que não consigo atingir, a alegria da luz,
Aquele caminho que me vai arrancar destas paredes de escuridão.
Vagueio por entre estátuas tristes e pedras que se movem para eu tropeçar.
Devagar, depressa, inconstante, a olhar para a frente com vontade de voltar para trás.
Tudo me parece igual, repetitivo, é como fazer uma rotunda sem saídas.
Sinto-me cheio de caminhos intermináveis, de saídas sem saída, de nomes sem nome.
Todos estes vazios cheios, todos estes nadas me perseguem.
Nadas que volto a ver vezes e vezes sem conta, e tornam-se num pseudo-tudo.
Temos tamanha preocupação com os nadas, que mais nada parece existir.
O mundo parece-nos sombrio, distante, sem formas visíveis de optimismo.
Tantos são aqueles que se perdem no vazio, o silêncio consome-os, os seus caminhos dissipam-se.
Somos fugitivos. Somos presas. Somos nadas.
Mas nada está perdido definitivamente.
O mundo esqueceu-se de ripostar, de criar a sua própria luz, de seguir em frente sem medo.
Será este labirinto verdadeiramente infinito? Seremos nós prisioneiros do pessimismo?
...vagueio pelos caminhos envoltos no mistério do amanhã.
Já não são sombrios e escuros, nem são luminosos e quentes.
São meus.
A partir de agora, sou eu que os vou criar, e enfrentar o labirinto da vida com todos os meus nadas.

Chuva

Dias cinzentos pouco prometem.
O céu entristece, as pessoas recolhem-se,
Desvanecem os sorrisos, e eis que dançando,
Desce do seu trono a primeira gota
E depois mais uma, e mais uma...
Dançando ao soar do vento, a chuva chega.
Ignora a tristeza, a manhã escurecida,
Cai, cai apenas, sem rumo, sem planos,
Simplista e graciosa chuva.
Intriga-me, enche-me de questões.
Muitos consideram-te uma dádiva,
Outros temem-te com toda a sua alma.
Eu...eu quero apenas observar,
Mirar os teus movimentos secretos,
As tuas danças esquivas.
Dizem que o tamanho importa, mas tu, ó chuva,
Não és grande e marcas a tua presença.
Se este mundo souber entender,
Irá aprender uma grande lição:
Que, no fundo, não é a gota que se manifesta,
Mas a chuva, o todo, uma entidade que tudo representa.
No mundo dos "se's", és a certeza,
Neste planeta envelhecido, és a renovação.
A tua presença é infinita, poderosa, e iminente.

10 de março de 2010

Oceano

Pureza sombria,
Distante e fria,
Mostra o seu lado tirano
Mas também meigo, o oceano.

De mistérios se veste,
Na noite, de breu se reveste,
Força que ultrapassa tudo assim que se manifeste.

Em quadros de azuis pinta,
Arco-íris de seres são a sua tinta.

Impõe o seu respeito, único, "humano", maravilhoso oceano.

O que é o escrever?

Escrevo o que sinto,
Escrevo o fictício.
Escrevo o caminho e o labirinto,
Escrevo o maior artifício.

Escrevo uma tragédia,
Escrevo um drama.
Escrevo uma comédia,
Escrevo uma trama.

Escrevo e descrevo,
Escrevo e exemplifico.
Escrevo e subscrevo,
Escrevo e modifico.

Escrevo palavras,
Escrevo paragens.
Escrevo cenas macabras,
Escrevo paisagens.

Escrevo o correcto,
Escrevo o errado.
Escrevo o momento,
Escrevo o passado.

Escrevo algo que magoa,
Escrevo algo que elogia.
Escrevo algo que ecoa,
Escrevo algo que irradia.

Escrevo o tudo,
Escrevo o nada.
Escrevo o estilo desnudo,
Escrevo a minha próxima alvorada...

Mar

Porque me fascina tanto?
Porque me causa um impacto tão profundo quanto si próprio?
A sua cor, a sua resplandecência, a sua beleza,
A vontade infinita que tenho de o observar, quieto, bravio, de longe e de perto.
A inspiração que me traz, tal como a brisa fresca em meu redor.
A contemplação das ondas inconstantes em rebentamento,
O silêncio que provoca nos outros para se fazer ouvir,
O respeito que impõe quando se mostra traiçoeiro.
Quero sentir-me nesse mundo tão misterioso, nessa conjugação de emoções e estados de espírito.
Quero ser a sua essência, a sua força, a sua fraqueza...
Mar tão sereno e avassalador, porquê?
Porque não consegue este ser chegar a ti?
Saboreia este teu admirador como ele te saboreia, intensa e eternamente...

5 de março de 2010

Inspiração profunda

É muito fácil dizermos que algo nos motiva.
Mais fácil ainda dizer que algo nos cativa.
Mas saberemos mesmo interpretar o que nos incentiva?

É muito fácil sentir.
Mais fácil ainda fingir.
Mas saberemos mesmo aproveitá-lo ou apenas fugir?

É muito fácil usar.
Mais fácil ainda abusar.
Mas saberemos mesmo o que significa amar?

A verdade é que tudo é demasiado simplificado,
O coração frágil da humanidade é muito frustrado.
Escondido do mundo, vagueia triste, só e abandonado,
Pois não vê, não sente, não age correctamente o coitado.

No dia em que finalmente souber que o mundo é plural,
Um conjunto de pessoas com nada de comum e igual,
Irá dividir-se e enfrentar o perigoso temporal,
Não para desvanecer, mas para encontrar alguém especial.

O amor é a cura de mistérios oriunda,
Algo verdadeiro e inexplicável que abunda,
A nossa única inspiração solene e profunda...

1 de março de 2010

A escuridão invisível

Sinto-me vazio.
Olho para a frente e vejo uma janela que não é, com uma vista que nunca foi.
Rodeado de dúvidas e constrangimentos que não me pertencem.
A verdade foge sempre que a tento agarrar, e quando a descubro, preferia nunca a ter descoberto.
Vivo sem viver, respiro sem respirar, estou preso!
Continuo a pensar se pensar vale a pena, se merece o meu tempo roubado por razões exteriores a mim.
Tudo à minha volta é um grande nada imaginado e dominado pela hipocrisia e pela mentira.
Sou o que nunca fui, e assim vai passando a vida sem mim, longe, fria.
Apenas desejava que o mundo existisse como eu o imagino, e não como ele me vê e me julga injustamente.
Gostava que este sarcasmo circundante desaparecesse.
Gostava que um milhão de coisas mudassem…
E depois volto a pensar:
Que será que uma única pessoa, insignificante por si só, conseguirá fazer,
Contra toda esta mentira, contra toda esta injustiça,
Contra todos os que odeiam por odiar, os que criticam por criticar,
Os que se vestem de hipocrisia para esconderem a verdadeira face,
E os que se regozijam por verem os inocentes alheios sofrerem?
Inocentes como eu, vazios, porque não querem, nem nunca vão,
Poder viver no mundo da sociedade hipócrita, mesquinha e triste que é
Esta em que me sinto inserido, mas posto de parte.
O vazio persiste, o sonho desvanece, a “escuridão invisível” paira…
O destino espera.
E o meu pensamento volta para me atormentar,
Mostrando a realidade que nunca mudarei…

É noite

É noite.
No escuro há algo que me atormenta.
Não… algo que simplesmente me faz sentir estranho.
Dou uns passos em frente e noto que me sinto cada vez mais perto de algo.
Continuo.
O frio e o calor correm-me no corpo alternadamente.
Porque será?
Começo a vislumbrar uma luz, ténue, suave, que me enche.
Sinto-me tão preenchido que me aproximo sem dar conta.
Começo a visualizar uma presença…
Uma forma…
Quando dou por mim a caminhar no escuro em direcção à luz,
Já entrei nesse caminho iluminado, e encontro-te, só.
Mas nunca triste.
A tristeza desvaneceu quando me encontraste.
Senti o mesmo.
Aproximo-me, mas paro. Os meus músculos petrificaram, estou preso.
Estou tremendamente maravilhado com uma beleza incógnita, pura.
Tu aproximas-te, e tocas-me.
Consigo mexer-me novamente, mas não o faço.
O mistério paira sobre nós, enquanto os lábios, secos,
Falam sem se mexer, simplesmente tocando-se.
Falam a palavra amor.
Acordo, sonhei.
Mas não esqueci.
Porque sei que estás ao meu lado.
O que sonhei foi prova que o amor existe.
Nada acalma a escuridão sem luz.
Nada apaga o vazio sozinho.
Descobri a minha fonte.
Descobri a minha razão.
Descobri…
Alguém.

Hurtful soul

This is where I stand.
Stranded.
Lost.
Thinking over and over again about things I can’t understand
And feelings I can’t control.
About how people can underrate each other’s hearts and ignore them…
About the selfish acts they commit just to make themselves feel better…
About how easily discarded feelings are for all of them…
It hurts my soul to witness all this and so much more…
It hurts my lost, stranded soul to witness…the endlessly moving world.

The simplicity of thinking complex things

Whenever I stop and stare, I regret looking.
Whenever I try to help, I feel rejected.
Whenever I think there's always hope, fate stabs me in the back.
Whenever I want to defend myself, people call me selfish.
Whenever I refuse a truly selfish one, again, I'm called selfish.

...I don't understand.

Why is it so difficult to express myself?
Why is it that I feel so different when I'm just trying to be the best person possible?
Why is it that I'm so incomprehensible to others?
Why is it so hard for them to understand all the simple things I have to say?
Is it because I try something they don't?
Is it because they dislike the fact that I hate being stereotypical and close minded?
Is it because, in the end, I'm always right and they refuse to accept it?

The truth is like a plague to them, a deadly disease.
Maybe that's the problem, they're afraid.
They're afraid to admit the truth because it doesn't appeal to them.
That's what makes me different, that's what I'm proud of.

I embrace the truth, hurtful or beneficial.
I don't want to be an ignorant like everyone else.
I don't want to pretend the truth doesn't affect me.
I don't want to live in mental fear and pretend I'm fine.
I just want to be accepted as I am.
I just want people to realize the truth.
I just want to be...myself.

Palavras e emoções

Gostava de saber entender as pessoas.
Por vezes sinto-me como um verdadeiro alienígena, perdido e confuso,
Em busca de algo que parece não ser possível neste mundo.
Como se tudo fosse feito para que eu me sentisse tão-somente só, incompreendido.
Gostava que as pessoas não vissem alguém como segunda ou terceira opções, como objectos de substituição daquilo que não podem obter.
Que soubessem o significado de palavras simples:
Um “não” convicto,
Um “adeus” definitivo,
Um sopro apenas de palavras que deviam ser entendidas e são ignoradas.
…E soubessem tomar decisões sem olhar para trás,
Com plena consciência de tudo o que pode advir de bom e de mau,
Sem terem dúvidas, para que não façam sofrer outrem…
Quem disse que as pessoas são “coisas”?
Qual é o argumento que torna válida a expressão “posso usar e deitar fora”?
Não sabem a resposta, apenas juntam meia dúzia de palavras que para eles fazem sentido, mas para os demais, são meros desperdícios de discurso.
Olham demasiado para si próprias, ignorando o facto de, talvez,
As pessoas realmente saberem saborear, sentir, sonhar, VIVER...
É profundamente triste admitir que para muitos, as emoções são descartáveis…
Mas é a verdade,
A verdade que ninguém quer ouvir.
A verdade que muitos lutam para esconder em vão.
Farão sentido palavras de um mero alienígena, perdido, confuso…?
Se pensarmos que o mundo não usa a linguagem para mais que discursos usados e dizeres pouco convincentes,
Se pensarmos que as pessoas escondem-se no desejo físico por serem fracas de espírito,
Se pensarmos que as emoções são a essência e não o contratempo…
Aí talvez…seja mais fácil este pequeno alienígena “desencaixado” da realidade
Fazer mudar o mundo…com as suas palavras e emoções.

Apenas uma pequena introdução...

Pois, parece que a "febre" dos blogs anda aí. Várias vezes me foi dito que deveria escrever um, embora com muita franqueza achasse que tal não seria algo assim tão...produtivo.
Gosto bastante de escrever, ninguém nega isso, nem eu o faço. Ser bom ou não ser, é algo que me transcende. Eu escrevo pelo prazer, pela forma inequívoca que as palavras exprimem aquilo que sinto, aquilo que penso, até aquilo que sonho...
Portanto, espero que tudo o que pôr aqui seja apreciado, de forma positiva ou negativa. Não espero receber elogios de todos, também não espero ouvir insultos de todos. A partir de agora, este blog pertence a todos, e preenchê-lo pode caber exclusivamente a mim, mas a sua actividade irá depender de vocês. Espero que gostem, e que vão ficando. :]