28 de setembro de 2010

Capítulo em branco

Como começar tudo.
Nesta biblioteca de almas, nestas estantes fixas e insólitas,
As palavras têm o poder, o mundo está em movimento.
Nesta biblioteca de vida, nestes alicerces que comportam cada ser,
Os capítulos são inúmeros, cada um expressa cada acto e sentimento.

Como continuar tudo.
Na imensidão dos pensamentos alheios, nas entrelinhas do certo e do errado,
O medo controla tudo, é senhorio da ignorância e dono dos fracos.
Na imensidão dos sentimentos, na dimensão oculta desse nosso cavaleiro alado,
O coração evidencia-se, o fraco é forte, a escravidão mental é um mito.

Como terminar tudo.
Cada capítulo é uma história de amor, um trabalho de sucesso, uma desilusão pessoal,
Uma etapa ultrapassada para se poder ter uma nova aventura escrita.
Cada capítulo é um mistério trapaceiro, uma palavra que se perdeu e não foi dita,
Um conjunto de jogos frontais e subtis que se enfrenta para chegar ao final.

Este capítulo não estava escrito.
Alguém se esqueceu dele, entre outras tantas fantasias ainda por viver,
Entre outros contos dramáticos e sentimentais que nos estilhaçam o coração.
Alguém se lembrou dele, por ser tão vazio, cheio de potencial e sem dono,
Por poder dar o privilégio a esta alma de ter pelo menos um capítulo em branco onde escrever.

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