11 de outubro de 2010

Fugitivo

Nunca sei fugir.
Constrangimentos, pensamentos, grades pessoais.
Todos esses atentados à força da escrita.
Tamanha desconcentração que me causam e me deixam em dúvida.
Nunca soube fugir.
Expectativas, vontades, muralhas pessoais.
Tantas criações mentais forçadas a existir.
Grande a queda associada à crueldade do destino.
Nunca sabia fugir.
Um eu, um tu, amores pessoais.
Vidas entregues à mercê dos ventos.
Vassouras que varrem os cacos daquilo que vai restando.
Nunca saberei fugir.
Fugas, evasões, impossibilidades pessoais.
Verdades imutáveis que doem sem doer.
Como uma única pessoa pode ser tão livre e tão massacrada.

Nunca fujo.
Mas não me dou por vencido.
Nunca fugi.
Mas entreguei a alma ao incerto.
Nunca fugiria.
Mas não vou ser prisioneiro.
Nunca fugirei.
Mas sou um fugitivo.

Sou um fugitivo em papel,
Profiro letras em direcção ao infinito.
Sou um fugitivo do mundo cruel,
Caminho nas linhas da página do próximo texto escrito.

E pergunto-me eu, afinal, de que fujo,
Se do mundo, se do meu próprio dito cujo...

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