30 de novembro de 2010

Ser e sentir

Verdades quebradas percorrem o meu ser.
Sou uma combinação de genes degenerados.
Pensar que também erro corrói o meu viver.
Os que me rodeiam são fantasmas apenas.
Assombram os meus esconderijos mais iluminados.
Todos estes pensamentos negros voam sem penas.

Aquilo que eu sou odeia aquilo que fui outrora.
Sentia que o meu interior há muito que fugira do que está por fora.
Ainda tenho o desejo aceso e imortal de ser humano.
Livrar-me deste rótulo de pessoa que me serve como um "fato" profano.
Tudo é meio preenchido ou meio vazio.
O acto de pensar é deixar uma mente infinita presa por um fio.

Sinto saudades constantes de tudo aquilo que tenho.
Tento esquecer tudo aquilo que me falta.
É um paradoxo racional de extremo engenho.
Porque o que me falta é cada vez mais cobiçado.
Remove-me a liberdade de subir para a ribalta.
Faz de mim um ser cada vez mais limitado.

E assim no fundo, não sabemos mesmo nada.
O ser vai além do além, do metal que se faz uma espada.
O sentir é sonhar além do sonho e da imaginação.
É saber pegar nas cinzas e fazer a nossa reconstrução.
Nada tem que ser simplesmente branco ou preto.
Eu sou tudo o que odeio para assim não me tornar obsoleto.

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