4 de abril de 2014

Eu, comigo

Pedaços.
Fragmentos de lucidez alheia assolam-me.
Pedaços de ser, de mim,
Seres de mim de outrora
Sentam-se comigo à mesa da alma.
A távola redonda da minha essência
Cresce, e apenas eu estou lá.
A minha visão é apenas minha,
Partilhada comigo.
Não compreendia o significado do mundo
Até o meu passado o apresentar.
Não partilhava a minha dúvida
Antes de ter a certeza.
Eu sou eu, sendo muitos.
Aprender é um luxo próprio,
Reviver, uma lição não retida.
Tenho em mim todos os sonhos
Singulares e plurais da minha vontade!
Pedaços de ser, de mim,
Fragmentos de lucidez minha reúnem-se.
Pedaços.

[ É absolutamente impressionante como procuramos respostas ao longo da nossa vida e, como que por magia, algo do nosso passado nos mostra como já sabíamos o que fazer ! Observei e reli os meus textos passados e revejo-me em situações passadas cuja resposta era clara, como se agora eu estivesse a olhar para um génio cuja inocência mostrava mais potencial do que o conhecimento adquirido com o passar dos anos. Não somos verdadeiramente fracos e impotentes. Temos em nós tudo o que é necessário para adquirir as nossas respostas, mesmo que não as consigamos compreender sem dar tempo ao tempo; por vezes, ao invés, temos é de retirar tempo ao tempo ! ]

2 comentários:

  1. Muito bom este poema que aborda um assunto tão comum ao ser humano: as nossas memórias.
    Quando as imagens do passado nos assolam, às vezes dá para aprender, seja nas experiências negativas ou positivas, outras vezes porém, seria bom que se conseguisse varrer para sempre da memória essas imagens.
    Depois de ler o posfácio
    Os seus poemas, nem sempre são fáceis de comentar, possivelmente por serem muito eruditos, talvez seja por essa razão que no fim, os comenta, para que sejam mais facilmente entendidos para quem os lê. Porem, pessoalmente, não costumo ler o seu comentário final sem antes primeiro analisar o poema. Às vezes a minha opinião coincide com a sua, outras vezes não.

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  2. Obrigado pelo comentário !
    Cada um tem a sua forma de ler, de pensar e de sentir. Confesso que muitas vezes não estou satisfeito com o poema em si...a nota final serve como uma espécie de âncora que fixa as ideias numa opinião própria, na minha forma de explicar o que escrevi ou o que senti através da escrita. Não tinha a noção de que poderia ser considerado muito complexo...porém, o objectivo final, e aquilo que me faz ter gosto em partilhar, é provocar o pensamento dos demais; concordem ou não, conseguem encontrar uma forma própria de ler :)

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