31 de dezembro de 2018

Navio de papel

Um dia quis ser porto seguro.
Peguei na alma e retirei o muro,
Deixando apenas o porão cheio de ideias e de pó.
Inundado de pensamentos do quão me sentia só.

Um dia quis sentir-me seguro.
Peguei num amor sem furo
E multipliquei-o, encontrando dois sem ferida,
Sem início nem comparação de medida.

Ainda questiono se faz sentido ser porto e ser seguro.
Ainda questiono se navego em águas pra lá de conhecidas,
Para lá do que se considera verdadeiro e puro.

Ora, mas eu sou um navio de papel e o meu mar é o mundo.
Se o mundo me der dois corações, haja proa e haja popa
Para guiar e ser guiado, pois acredito que não irei ao fundo.

[ Ninguém imaginava um navio frágil a renascer ao invés de uma fénix, não é verdade ? Passou muito tempo sem ter revisitado a escrita, talvez por me encontrar em mares nunca dantes navegados, ou talvez, apenas demasiado fortes para encontrar o equilíbrio. Queria contar toda a história de como o amor é imprevisível e pode acontecer de formas que nunca poderíamos imaginar, mas quero deixar a metáfora do poema falar por si: por vezes somos o porto seguro de alguém, por vezes gostaríamos de nos sentir num porto seguro com alguém. Por vezes, o mar que navegamos pode dar-nos ambos, em tempos diferentes, em pessoas diferentes, e não deixar de ser amor. Tenho um rumo imprevisível pela frente, com tantos projetos por realizar. Mas já sei que o apoio de quem me orienta na navegação, é incondicional. Obrigado a vocês. Desejos de um excelente ano novo. Quem sabe, nos voltaremos a ver aqui. :)  ]

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