30 de abril de 2010

Nas entrelinhas da simplicidade

Para onde foram, pergunto-me. Que importância têm essas coisas, perguntam-me. São tão tristes estas questões...nem deveriam existir! Pergunto-me, infinitas vezes, para onde foi a simplicidade, o que lhe fizeram...e aposto que agora estão a pensar, "Pensar tanto na simplicidade torna-a complicada!".
Gente, quase indigna de ser considerada gente: a simplicidade não existe porque não lhe dão importância! Aprenderam a dar prioridade a coisas objectivas, sem conteúdo, tudo para atingir prazeres e felicidades pouco profundas, pouco sentidas! O materialismo subiu-vos à cabeça e encontra-se num patamar há muito impossível de alterar pela simplicidade alheia...perderam a capacidade de interpretar sinais, corresponder a actos que, pela sua falta de complexidade, valem mais que tudo o resto.
Quantos não serão os sorrisos que desejamos ver na face de alguém que gostamos, na face de alguém que merece sorrir! Não existem palavras, nem actos, que consigam substituir a alegria das pessoas especiais que nos rodeiam, das crianças que passam dificuldades nos países pobres, os animais, selvagens ou domésticos, tratados com a devida dignidade...ainda não entendem?
O que vale para vocês um abraço de um estranho? Nada? E de um amigo? Alguma coisa? E da pessoa que amam? Muito? Hierarquizaram uma coisa tão simples de se fazer e ainda assim não entendem o seu tipo de importância? O que eu não dava para ter o privilégio de sentir todas essas coisas simples mais vezes...poder sentir a respiração daquela pessoa, tocar levemente no seu rosto, perder-me nos labirintos de doce e amargo, quente e frio de um beijo...aninhar-me no seu abraço, sentir-me completo na sua companhia, sentir apenas...sem qualquer dependência de prazeres físicos!
Oh, o que é rir na companhia daquelas pessoas amigas, cometer loucuras, arriscar tudo, confessar os mais profundos segredos com aquela confiança que apenas aquele amigo nos transmite...ninguém valoriza isto?!
Apreciar uma paisagem, escutar as danças do vento, embalarmo-nos ao som de uma música, perdermo-nos na beleza de uma flor, sentir a chuva a cair-nos no corpo despido de medos...talvez agora, agora vocês, gente com um pseudo-coração, consigam entender.
Não tem a ver com o tipo de acto, não tem a ver com o tipo de recompensa, não tem a ver com o seu nível de complexidade...tem a ver com a forma como nos toca nesta nossa caixinha de emoções.
Não desprezem o que o coração sente, não lhes dêm menos ou mais importância...apenas aproveitem o momento! Pode ser, assim, que consigam ler as entrelinhas e ver o verdadeiro significado do termo simplicidade.

1 comentário:

  1. Pronto, conseguiste fazer-me chorar! E olha que não é nada fácil...

    Eu acho que as pessoas têm medo de sentir, mas sobretudo de se magoarem. E de arriscar!

    Coisas que são simples por natureza tornaram-se complicadas porque perdemos tempo a pensar nelas, a tentar explicá-las. E não vale a pena!

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