21 de junho de 2010

Para ti

Tu.
Sim, és tu.
Sempre foste tu.
O que os olhos cegos não vêem, o coração observa.
O que os ouvidos surdos não ouvem, o coração escuta.
O que as mãos não conseguem tocar, o coração sente.

Tu.
Sim, não existe mais ninguém.
Sempre foste aquele místico alguém.
Consegues emanar a tua chama mesmo quando todas as outras já se apagaram.
Consegues ser a água que mata a sede mesmo quando todos os rios já secaram.
Consegues demonstrar que há sempre uma luz ao fundo do labirinto, uma luz que nunca apaga.

Tu.
Nem sei como tudo aconteceu assim.
Foste o princípio, foste o meio, foste o fim.
Numa vida sem sentido, num mundo ainda confuso, foste o caminho certo para andar.
Numa época escura, num estado de espírito destroçado, foste a força que me fez lutar.
Numa história fragmentada, nos confins do pensamento, foste a inspiração mais pura.

Tu.
Tu és a cura para o meu cancro sentimental.
Tu és a resposta para todo o problema existencial.
Não tem de haver amizade, não tem de haver amor, não tem de haver atracção mútua e incessante.
Não tem de haver conversa, não tem de haver romantismo, não tem de haver uma vontade dominante.
Não tem de haver tudo isso, basta a presença, basta a troca de olhares e silêncios comovidos.

És tu, porque no meio de tudo o resto, não há mais nada.


[dedicado à Amoura, que me faz bem, todos os dias. <3]

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