25 de agosto de 2010

Castelos de areia

Na praia da vida entrei, na areia lentamente me forcei.
Grão a grão fui colhendo, vitórias e derrotas fui obtendo.
Sempre em frente avancei, em nenhuma das adversidades recuei.
Mesmo sem poder ia podendo, mesmo com rumo me ia perdendo.
Observava o mar perplexo, mostrando sem pudores o meu reflexo.
A força dessas ondas cativou, a força do vento para longe me levou.
Fazia sentido sem ter nexo, havia amor sem vestígios de raça ou sexo.
A paisagem do infinito sonhos cultivou, o limite do finito apenas me motivou.
Mas as nuvens negras chegaram, o chão de cores cinzentas pintaram.
A tempestade do ódio vem e dilacera, o trovão de raiva cai como uma fera.
Lágrimas logo se derramaram, remorsos rapidamente se divulgaram.
A alma ferida já não coopera, o orgulho há muito que se perdera.
A imagem mais bela tem um senão, luta-se tanto aparentemente em vão.
O sonho parecia ter tudo de real, sofreu-se tanto a combater tanto mal.
O espírito humano foi tratado como cão, levou com um "jornal" como forma de sermão.
Este sentimento doentio não é leal, funciona como uma parede coberta com mais cal.
Mas não se pode pensar que o mundo termina, que a cassete do tempo nunca rebobina.
Tem de haver sempre um objectivo, tem de haver sementes para se dar o cultivo.
Existe o mal e com o bem se combina, é só saber espreitar por cima da neblina.
Castelos de areia construí, neles me refugiei e vivi.
Muralhas se ergueram adiante, protegendo este coração hesitante.
Não percebi porquê mas não sorri, vendo o isolamento que criei depois do que sofri.
A força das águas então veio e em tudo caiu, do que estava outrora firme nada subsistiu.
Percebi que um sentimento é tão poderoso, destruiu tantas muralhas por ser tão teimoso.
Seja amor o que o coração sentiu, seja rancor o que noutra hora possuiu.
O poder da emoção é misericordioso, deu tamanha oportunidade a alguém tão defeituoso.
Porque todos merecemos viver com felicidade, nem que para isso se lute sempre contra a adversidade!

1 comentário:

  1. Costumas deixar-me sem palavras sempre que escreves. Este post n foi excepção.
    Gostei da maneira como o texto está estruturado, as rimas... Tem um certo 'ritmo' :)

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