6 de janeiro de 2011

O desconhecido

Por vezes viver significa deixar a vida passar.
Conhecer-me é uma ilusão difícil de se lidar.
A vivência impessoal é uma cicatriz do ser,
Invade o estranho, invade bem lá dentro.
Somos uma peça de todo um puzzle a desfazer.
Ao atravessar as águas tumultuosas da experiência,
Cruzei-me com o desconhecido dos profundos.
Dizia ser eu sem as blasfémias da vida,
Sem as negras marcas do mundo da indecência.
O descrédito é lei na terra da hipocrisia.
O corpo acompanha o que a alma já perdeu.
A única serventia da vida é poder morrer
E perder o desastre que é afastar-se da mente.
Por fim deixei-te, desconhecido, ocupar esta vida vazia.
Corrompeste o negativismo com a tua inconformidade,
Sabes todas as minhas fraquezas e forças,
Lançaste ao nada tudo o que me resta
E agora sou eu, sem tristeza nem felicidade.
Apenas eu no mundo mundano e imundo.
Conheces-me melhor que eu próprio, desconhecido.
Tornaste o meu mundo um poço de esperança sem fundo.
Recriaste o que não podia haver ou existir.
Pegaste nas mãos e fizeste-me novamente sentir.

Que o único desconhecido em mim sou eu, e que basta conhecer-me, para voltar a acordar todos os dias com toda uma nova vontade.

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