1 de julho de 2011

O tal verbo

Nunca sei por onde começar,
Que postura ter, que palavras usar.
Desfaço-me num cavaleiro sem armadura
Quando chega a altura de falar.
Confunde-me toda essa gente
Que atira um verbo à sua frente
Como um jogo impossível de perder.
Tudo a declarar é algo que se sente.
Talvez seja lento ou inseguro,
Talvez funcione como um fruto maduro
Cujo sabor se difunde melhor
Quando fora dos ramos me aventuro.
Mas não temo esse verbo poderoso
De feição cativante e toque fogoso
Que tanto lança ondas de prazer
Como fita o destino frio e doloroso.
Quero dizê-lo com todas a certeza
Sem sombras nem impureza,
Sem dores de pensar nem obstáculos.
Quero poder dizer "Amo-te" com nobreza.


[ Sinto que por vezes as palavras são apenas palavras, meios de comunicação, meios de passar uma mensagem que muitas vezes nem é verdadeira ou sentida. Porquê? Os gestos, as palavras, os actos...todos são formas de ultrapassar a barreira da comunicação e mostrar aquilo que sentimos, que pensamos, que somos. Nós SOMOS mais que uma ou outra dessas categorias, todas fazem parte de nós. Invade-nos um mundo em que num dia existe um "amo-te", no próximo existe um "talvez te amo" e ainda noutro deixa de existir. Não chega a vida ter de ser inexoravelmente efémera, as pessoas fazem questão em hierarquizar tudo o que as rodeia de forma a que os sentimentos, o que se diz e o que se faz sejam tão superficiais quanto o chão que pisam. Talvez consigam sentir mais depressa que outras, agir menos depressa que outras, mas o que interessa é que o façam com certezas, e que se desprendam dessa mania doentia de se agarrarem ao meio termo apenas para não terem nada. Assim nunca terão algo verdadeiramente. Vivam antes de morrer! ]

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