2 de maio de 2015

O que vai ser ?

Mártires! Mártires de peito inchado é o que somos.
Eternamente culpados de nada fazermos
Para combater a nossa condição de prepotência.
Somos quase demais, exigimos a nossa existência
Como uma conspiração divina de inspiração pagã.

Penso, sentado no canto irrequieto do meu silêncio, e vejo
A cegueira alheia, (in)voluntária da (in)inteligência humana.
Não sei o que sou, pois não revejo a sua cegueira em mim.
Ser humano é fácil, ser consciente também,
Ser humano e consciente já só pertence aos loucos.
Eles pertencem a si próprios, livres e insanos.

Todos aqueles que passam por mim, cerveja na mão,
Sem consciência da atenção que nunca deram,
Do abraço que esperou e arrefeceu,
Da humanidade que abusam a seu bel-prazer.
Vivem bem com o seu sucesso mas nunca com a sua desgraça.

Entristece-me ser tão humano quanto eles, por vezes,
Queixando-me de dor mental por ver tamanha semelhança.
Existo já sabendo que estou sozinho no meu canto
E poucos serão os que irão notar esse silêncio inquietante.
Alguma vez se sentiram a mais, mas essenciais?
Estou a mais na multidão mas a consciência é essencial.
Tudo o resto só é essencial até depender de mais alguém.

Mártires! O vosso queixume deu fruto.
Provem a vossa hipocrisia ácida e abundante de cevada
E aprendam a ver o ciclo vicioso dessa vida.
Peguem nele e guardem no "armário".
Enquanto isso, vai ser uma água natural, por favor.


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