22 de abril de 2011

Reflexo trocista

Ainda não me vislumbraste e já me cobiças, escritor.
Tu e todos os ignorantes que passam por ti
Como rebanho controlado à distância pelo pastor.
A tua revolta poética bajula-me sem cessar.
Invejam-me tanto, os teus "amīcus sapiens",
Acham-se melhores que um mero reflexo no mar.

Pois surpreende-me o quão rápido se conseguem afogar.
Uma imagem que não pensa, até no pensamento os supera.
Apenas tu entendes como o reflexo acalma a fera.

Bajulo-te, escritor, da minha troça fizeste da poesia o espelho da alma.

[ Vivemos constantemente atrás da nossa própria sombra, a lutar para ser melhor que um mero reflexo...tentamos tanto ou tão pouco, que uma mera imagem nos parece imortal e poderosa demais para ser superada. Mas tentar hierarquizar a potência da imagem é uma fraqueza. Nós somos aquilo que vemos, nem mais, nem menos. Acho que já chega de perseguir espelhos...certo? ]

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